Empirismo no ensino de matemática: uma inversão de valores na educação?

  • Vinícius Weite Thomé
  • Gisele Palma
  • Jaqueline Molon
  • Eduarda Santos de Oliveira
  • Samuel Andrade

Resumo

A ideia para este trabalho surgiu em uma aula da disciplina Fundamentos Psicológicos da Educação, na qual estávamos estudando o processo de ensino e aprendizagem. Das teorias que buscam explicar o processo de aquisição de conhecimento, duas nos chamaram atenção: o empirismo e o construtivismo. Empirismo vem do latim: empiria (experiência) e ismo (sufixo que determina, entre outras coisas, uma corrente filosófica). Assim tem-se que o empirismo pode ser definido como uma corrente filosófica que põe a experiência sensível no centro dos processos de aquisição de conhecimento, argumentando que todo o conhecimento provém da experiência. Enquanto isso o construtivismo é uma corrente filosófica que põe a interação sujeito-objeto no centro do processo de aquisição de conhecimento, ou seja, afirma que o conhecimento não é adquirido, mas construído. Dessa forma percebe-se que o empirismo serviu e ainda serve como pressuposto epistemológico a metodologias de ensino que tiram o indivíduo do centro do processo pedagógico, o que pode ser considerado como uma inversão de valores. Percebemos que, quando se trata do ensino de matemática, essa influência é ainda maior, embora, às vezes esconde-se por detrás de um discurso da impossibilidade de inovar, ou ainda, de utilizar uma “metodologia diferente” para uma grande turma. Ao nos depararmos com essas informações, nos encontramos com o seguinte questionamento: de que forma os pressupostos do empirismo interferem no ensino da matemática nas escolas regulares? Objetivando a resposta dessa pergunta, iniciamos uma pesquisa bibliográfica para conceituar e contextualizar o empirismo e o construtivismo, analisando suas interferência no plano da teoria. Para validar as hipóteses decidimos comparar o progresso de uma turma em um curso realizado por nós com o tema Trigonometria quando utilizada uma metodologia pautada sobre pressupostos empiristas e outra sobre pressupostos construtivistas. Os resultados obtidos foram que, na turma pesquisada, tivemos um aproveitamento muito superior quando utilizamos o construtivismo como pressuposto epistemológico, os alunos foram capazes de resolver uma variedade maior de problemas e souberam aplicar melhor os conhecimentos construídos durante o curso. Concluímos, com base nos dados obtidos na turma pesquisada, que uma “metodologia diferente”, como muitos chamam, é possível de ser realizada para ensinar conteúdos considerados avançados, como a trigonometria, e que essa metodologia pautada em princípios epistemológicos construtivistas pode permitir ao aluno uma aprendizagem mais sólida e significativa do que simplesmente ele deparar-se com o conteúdo como apresentado em metodologias pautados sobre pressupostos empiristas.
Publicado
2017-02-21
Seção
[Pesquisa] Resumos nível superior