Escravidão e tráfico de africanos através dos registros de batismo (Rio Grande do Sul, 1780-1850)
resultados parciais para as capelas de Rio Grande, Povo Novo, São José do Norte e Estreito
Resumo
Esta pesquisa se propõe a investigar quantos escravos africanos foram levados às pias batismais nas diferentes capelas do Rio Grande do Sul entre 1780 e 1850, verificando a representatividade de tal fonte para a análise do próprio tráfico de africanos para o sul da América portuguesa e, depois, para o sul do Império do Brasil. Caso ela seja expressiva, será possível elaborar uma cartografia, a partir dos registros de batismo, dos africanos que viveram e trabalharam no RS no colonial tardio e, principalmente, na primeira metade do século XIX. Por sua vez, a partir daí, será possível conhecer de maneira mais refinada o passado dos africanos escravizados que foram comercializados para o Rio Grande do Sul, identificando de região do continente africano e de que cultura/sociedade os mesmos vieram. Assim, será possível entender as formas de resistência, as relações sociais produzidas, dentre outros aspetos da vida dos africanos no sul do Brasil. Para tanto, as informações contidas nos batismos serão armazenas em um banco de dados construído a partir de uma tabela do Excel for Windows. Estas informações foram divididas em diferentes categorias analíticas: nome do batizando, se africano ou crioulo, a idade, a nação e/ou o grupo de procedência (no caso dos africanos) e, finalmente, o nome do senhor. A quantificação destes aspectos possibilitará a apreensão das principais “tendências” e/ou padrões dos batismos de escravos no Rio Grande do Sul. De posse de um número significativo de registros fichados, é possível afirmar que, sim, os batismos são fontes importantes para o estudo do passado africano no Rio Grande do Sul. Até o presente momento já foram fichados mais de nove mil registros de batismos de escravos. Destes, quase 25% são de africanos. Dentre os africanos escravizados e batizados, a maior parte é da África Central (Congo, Angola, Cabinda, Benguela, etc.), ou seja, do tronco linguístico bantu. Por outro lado, a nação que mais aparece nos batismos são os Minas, da África Ocidental.