A leitura de contos machadianos como veículo de resistência: uma síntese do projeto Releituras Machadianas
Resumo
Incentivar a leitura em um país de não-leitores, onde apenas quatro livros são lidos ao ano por cada brasileiro, é um desafio necessário a fim de mudar os índices da educação nacional. Resistir em meio ao turbilhão tecnológico e inúmeros ambientes digitais apelativos aos usuários da geração Z (re)lendo o grande escritor da literatura brasileira – Machado de Assis – parece um obstáculo ainda maior. Entretanto, o projeto de Ensino Releituras Machadianas vem, desde 2016, propiciando o contato com as obras do bruxo do Cosme Velho por meio dos “Encontros com Machado”, atividade quinzenal, com uma hora de duração, na qual são lidos e debatidos contos machadianos, no contraturno das aulas. Abertos a todos os estudantes do IFRS Canoas, esses encontros promovem a leitura em voz alta, a troca de ideias sobre a riqueza contida no gênero conto – gênero este em consonância com a rapidez dos processos após o advento da era digital – além da integração dos discentes dos 2º anos dos Cursos Técnicos Integrados em Administração, Desenvolvimento de Sistemas e Eletrônica, no contexto pós-pandêmico, público-alvo do projeto, uma vez que estão estudando o Realismo Brasileiro. Aproximar, de uma forma mais despojada, fazendo uso das tecnologias, esses novos leitores do século XXI com textos do século XIX é o principal objetivo do projeto. A bagagem de conhecimento sobre mídias digitais, edição de vídeo, captação de imagens via celulares, alteração e efeitos de som, entre outros são recursos utilizados pelos alunos para reler os contos através da produção de curtas-metragens, os quais concorrem ao troféu “machadito”, no Festival Literário do IFRS em novembro de 2022. Partir do presente para entender o passado parece ser uma das formas de resistência encontradas pelo projeto no que diz respeito à perpetuação da leitura dos clássicos literários em meio à geração de neo-leitores contemporâneos hiperconectados às novas tecnologias.
